FORRÓ

21/08/2008 21:25

Gênero musical cujas origens remontam ao Nordeste e que teve como maiores representantes os pernambucanos Luís Gonzaga e Jackson do Pandeiro. É uma música de ritmo quente, que se dança agarradinho e se toca com uma zabumba, um triângulo e uma sanfona (ver Acordeão), e também o nome dado às festas em que se toca este gênero musical. Como baile, é considerado sinônimo de arrasta-pé ou bate-chinela.

 Entre os estudiosos do tema figuram Mário de Andrade e Luis da Camara Cascudo. É importante assinalar a relação léxica e semântica entre forró e forrobodó, no sentido de divertimento e festança. No Dicionário do folclore brasileiro, Camara Cascudo registra vários exemplos do uso da palavra “forrobodó”. O testemunho mais antigo é do ano 1833, aparecido no número 15 de O Mefistófeles: “Ao ator Guilherme, na noite do seu forrobodó”. No fim da década de 1910, estreou-se a revista teatral Forrobodó, de Carlos Betencourt e Luís Peixoto (ver Teatro de revista). Dada a antigüidade dos registros da palavra em textos literários e jornalísticos, resulta pelo menos suspeita a etimologia que explica a origem do termo “forró” como corruptela da expressão for all, que designava as festas de salão abertas para toda a comunidade que os ingleses promoviam no Brasil entre o final do século XIX e o início do século XX. Segundo essa teoria, “forrobodó” derivaria  de outra expressão inglesa, for everybody, que também significa “para todos”. Embora não existam ainda provas sólidas, parece mais convincente a associação com “forro”, adjetivo para identificar o negro liberto, e — no caso de “forrobodó” — uma possível extensão de “bode” ou “bodum”, por alusão ao cheiro e, portanto, ao caráter reles da festa, à confusão e à desordem, significados que constituem, aliás, a segunda acepção da palavra. Na América ilustrada (1882) se fala de “um arremedo de folhetim, cheirando a forrobodó”. Para Rodrigues de Carvalho, designa o termo “os bailes da canalha”. Muitas vezes, na história da música popular, esta aparece associada à margem, ao que se afasta da ordem estabelecida, embora — como aconteceu com o tango — acabe sendo absorvida pela sociedade em seu conjunto.

 O nordestino, por sua parte, tinha começado a chamar de forró a música apresentada nesses bailes, como se pode ver em A bagaceira, de José Américo de Almeida, de 1928: “Patrão, faz toda vida que não se entrosa um forró”. Tornou-se uma verdadeira febre nacional na década de 1990, em torno da qual se projetaram diversas bandas, como Forroçacana e Mastruz com Leite.[1]

 

 


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